O meu post precedente já encerrava uma espécie de profecia: quem leva 3 deste Sporting (quando precisava de ganhar) nunca seria grande obstáculo para uma equipa como o Arsenal, que, na minha opinião, é uma espécie de "Barcelona musculado". Tem muita técnica, muito passe, muito envolvimento e um poder físico notável, ainda que um central como o Campbell já esteja fora de prazo.
De permeio, o episódio do empate-quase-derrota no Dragão com o Olhanense foi apenas um fait divers: aquela malta já perdeu toda a noção do ridículo e nem percebe que, seja qual for a diferença pontual, um jogador do Porto não entra em campo para fazer número e para deixar passar o tempo.
Chegados a Londres, tivemos direito a mais uma asneirada do Jesualdo, igual a tantas outras inovações que ele já operou em jogos cruciais: o pobre do Nuno André Coelho, que tem vindo a ser o 4º central do plantel, foi lançado na posição 6, dada a ausência do Fernando e reiterada falta de acerto do Tomas Costa naquela missão. Claro está, sem hábitos naquela posição e com meia dúzia de jogos nas pernas, um jogo como aquele era mesmo o que o rapaz precisava - aos 3 minutos de jogo já era o 3º central e o Porto jogava acantonado na sua grande área.
Foi um sinal errado que o treinador transmitiu à equipa (defender, defender, defender, quando havia muito pouco a defender pois bastava um golo para inverter a frágil vantagem do FCP), que ficou logo ali partida em dois: 3 tipos na frente e o resto do pessoal encostado às cordas. Tal como ao Guardabel, estava inovação táctica fez-me lembrar algo de parecido que, tanto quanto me lembro, o Oliveira fez num jogo com o Manchester United em que enfardamos 3 ou 4.
Sendo realistas e olhando para os conjuntos a despeito dos seus "momentos", o Arsenal é muito mais equipa do que o Porto. Aliás, é bem mais em individualidades e custa-me a crer que algum dos jogadores do actual Porto tivesse lugar neste Arsenal (talvez o Bruno Alves, dada a veterania do Campbell). Mas uma equipa com a camisola azul e branca não joga para enfardar uma média de superior a 3 golos por jogo!!! É mau demais para ser verdade.
Por fim, uma menção ao que é este Porto: para lá do Jesualdo ter chegado ao fim do seu ciclo mas continuar por lá, a época começo a ser perdida (as Taças que restam são migalhas) durante o Verão: o Porto adquiriu muitos segundos planos, contratou dispendiosamente gente como o Prediguer (que eu quase nem vi jogar) e deixou sair dois jogadores fantásticos: o Lucho e o Lisandro. Depois tivemos o fenómeno "túnel", a suspensão do Hulk (que perdeu quase um ano da sua carreira e parece ter regredido como jogador, tal é o seu estatuto de apêndice táctico) e com umas borraditas do Jesualdo se compôs a parvalheira competitiva em que nos encontramos.
Mas, sublinhe-se, a culpa não é só do treinador: há gente que parece jogar sem vontade (o Bruno Alves é um deles), há gente que engata um jogo em cada 10 (como o Mariano) e há quem tenha andado de lesão em lesão, sem nunca atingir o nível exigível: Fernando e, sobretudo, Rodriguez. Aquilo que me parece sobrar desta época é a surpresa da utilidade do Varela, a aquisição tardia do madeirense (que é bom mas não faz milagres) e, acima de tudo, a confirmação da única contratação atempada e de qualidade indiscutível que foi o nosso ponta-de-lança colombiano. Álvaro Pereira leva um suficiente mais, o Meireles oscilou entre o óptimo e o medíocre quando deveria ser o líder e o resto... do resto nem vale a pena falar. Em suma, foi muita asneira junta num período tão curto. Se a isto somarmos um Braga anormalmente regular e um SLB a jogar o tudo por tudo quer no campo quer na Liga temos a receita perfeita para o nosso desastre.