sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Saldos é 300 km abaixo

Ainda faltam algumas horas para o mercado de janeiro encerrar nos campeonatos desportiva e financeiramente mais apelativos mas, fazendo fé no que a Skysports notíciou, parece que não estamos tão enterrados financeiramente que coloquemos a hipótese de entregar o título de Campeão Nacional a um qualquer clube da Segunda Circular, pelo menos, já em fevereiro:

"Sky sources understand that Manchester City have ended their transfer interest in Porto duo Eliaquim Mangala and Fernando. City had been holding talks throughout the day over a deal in the region of £35m for centre-back Mangala and midfield team-mate Fernando, but a plane which was booked to bring the pair over to Manchester has been cancelled and there is not now expected to be any more business at the Etihad Stadium."

Alegadamente, o FCP pedia 46 milhões de libras pelo duo (algo como 56 milhões de euros) e os ingleses terão confundido o nosso clube com uma certa agremiação da capital que só vendia a sua super estrela a quem batesse a cláusula de rescisão mas que se contentou com um meros 25 milhões.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Dolo(roso)

Leonardo Jardim, logo após o jogo em Penafiel, comentou, na conferência de imprensa, com um sorrizinho irónico, que o golo do Josué surgiu nos descontos, quando o Sporting já estava apurado. Teve, portanto, de se desapurar, o que é sempre chato. Bruno de Carvalho atirou em todas as direções com aquele tipo de frases meio enigmáticas que fazem excelente manchetes do Record. Hoje, lê-se na imprensa que se se provar que houve dolo por parte do FC Porto no atraso do início da segunda parte, podemos ser eliminados.
Pobo do Norte sabe que, durante o intervalo, Jackson Martinez se demorou um bocadinho mais na sanita, onde teve de dar vazão ao que restou da feijoada que comera no dia anterior em casa do Hélton. Daí a demora. A não ser que seja permitido pelos regulamentos começar-se o jogo com menos um.
Portanto, se aqui há algum dolo, ele só pode ser o doloroso desaparecimento do Sporting de mais uma competição nacional.

Robertice

André Gomes não mostrou nada no futebol português. Rotulado como "novo Rui Costa", falhou. Hoje, há um empresário que compra os "direitos económicos" do jogador aos coisinhos por 15 milhões. Atentem bem: 15 milhões por alguém que nunca se impôs na primeira equipa (eu chamo a isto um flop). De seguida, chovem as notícias: Manchester City interessado. Livepool de olho no craque. Esta história soa-me a "robertice".

domingo, 19 de janeiro de 2014

Uma vitória para desenjoar

Jogar com onze dá sempre jeito e se esse décimo primeiro jogador se chamar Quaresma é muito provável que o jogo do FCP seja mais agressivo, mais contundente, mais letal. Depois, ter um Fernando que imprime ao nosso jogo uma rotação sempre alta e um Varela que decide mostrar que tem qualidade dá muito jeito. Uma vitória tranquila, com boa dinâmica geral e alguns exageros individuais (Kelvin, Kelvin...).
Ouço na rádio e na generalidade dos comentários online e televisivos que o Setúbal foi um adversário fraco, um adversário macio, um adversário que não fez o que devia fazer, etc... etc... etc... Já sabemos: uma goleada do FCP tem sempre como justificação o fraco trabalho do oponente, enquanto que uma goleada dos coisinhos é transformada numa espetacular demonstração  de poderio. Normal.

sábado, 18 de janeiro de 2014

Pinto da Costa no Porto Canal

Nenhum portista estaria à espera que Pinto da Costa fosse ao Porto Canal dizer que Paulo Fonseca não serve. Muito menos que admitisse, ao virar da metade do campeonato, erros de casting nas contratações. O discurso teria de ser sempre de defesa do grupo e do clube. E aí seria normal que buscasse razões exteriores para justificar o insucesso. É assim em todos os clubes e, sejamos realistas, só não estamos habituados a este discurso porque temos a história de sucesso que temos. Por isso foi com naturalidade que o vi abordar as questões da falta de sorte (bolas nos postes e afins) e da arbitragem. Acho, porém, que neste segundo ponto talvez tenha exagerado no tom. Não que o desempenho de Soares Dias não nos tenha prejudicado, mas a nossa baixa qualidade futebolística deste ano não nos dá autoridade para disparar daquela maneira sobre o árbitro. Devíamos ter feito mais, nós. E, já agora, lembrarmos que Mangala fez penalti, também, antes do 2-0. Só faltava que o Presidente chegasse ao absurdo de dizer que o sacana do árbitro não quis assinalar o penalti - que o Hélton certamente defenderia - porque sabia muito bem que ali, naquele pontapé de canto, vinha o dois a zero.
Mas esta entrevista de Pinto da Costa trouxe, para mim, uma grande novidade, de que eu não estava à espera. Pela primeira vez, Pinto da Costa dedicou tempo aos comentadores portistas que têm lugar cativo nos talk shows futebolísticos. E quando eu falo em dedicar tempo não é limitar-se a uma ou outra referência lateral. Desta vez nomeou-os, traçou os seus perfis, criticou-os. A um ou outro, pretendeu descredibilizá-los. Pela primeira vez, vi um Pinto da Costa menos preocupado em zurzir no inimigo (coisinhos & lagartixas) e mais determinado a "responder" ao que entende serem ataques de portistas. Não posso deixar de entender esta reação como sinal de fraqueza. Críticas sempre houve, em determinados momentos de épocas menos conseguidas, mas Pinto da Costa nunca precisou de descer tanto "à rua" para as combater. Desta vez fá-lo porque se apercebe que a coisa está a tomar proporções diferentes e que aquelas opiniões dos comentadores de TV espelham o mal estar generalizado da opinião pública portista anónima em relação ao treinador, às opções, às escolhas, à SAD. E ao próprio Pinto da Costa.
É claro que, com meio campeonato por jogar, três pontos são uma insignificância, perfeitamente ao alcance de um "minuto Kelvin" ou de um "fator Quaresma" (mesmo que, pelo meio, apareça um Sporting ultra-motivado por um treinador competente) e o nosso Presidente já ganhou tantas batalhas contra a maledicência exterior e contra a falta de crença dos próprios portistas que esta é apenas mais uma. Eu também quero acreditar que a vamos ganhar. Mais uma vez. Mesmo assim, com esta fé inquebrantável, talvez não fosse má ideia trazer mais um ou dois que façam a diferença neste plantel.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Já sabem como é que isto acaba

Jogámos com alma e demos o máximo do pouco que temos (treinador incluído). E portámo-nos muito bem. Respeitámos o minuto de silêncio, não batemos em velhinhas de cachecol vermelho ao pescoço, nem destruímos mais do que vinte cadeiras. No campo, até metemos o Otamendi para lhes dar mais hipóteses de ganhar (o que o rapaz se esforçou para oferecer bolas jeitosas aos adversários!). Fomos simpáticos. O Danilo até conseguiu ser expulso quando poderia ter rematado à baliza. Fomos mesmo uns ótimos comparsas de homenagem ao "quingue". E no fim saíram todos satisfeitos: uns com o dever cumprido de oferecer a vitória ao Eusébio, outros com a "satisfação" de terem proporcionado ao adversário o momento alto da época. E o árbitro a necessitar de rever seriamente a noção de lei da vantagem e os critérios disciplinares. Agora falta meio campeonato e... já sabem como é que isto acaba.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Mais o que é que você vai fazerrr dumingo à tardje...

Por causa da comoção nacional do início da semana, nem todos se aperceberam do falecimento do autor da frase (em português do Bráziu...) que serve de título deste post, um senhor chamado Nelson Ned, que fez furor em Portugal nos anos 60 e 70 do século passado (sim, da altura em que o Benfica ganhava campeonatos).

Como é comum na linguagem corrente desta semana, Nelson Ned é um ícone, um símbolo, alguém que tocava o coração dos portugueses, cuja importância transcende a sua área de atividade, um gigante, alguém com uma dimensão humana incomparável (piada fácil, eu sei), etc., etc., mas não consta que o Mário Soares tenha comentado que era um viciado em drogas duras e que bebesse tanto que chegou a dar um tiro na mulher, coisas que, já agora, parecem ser verdade. Também não é provável que que seja candidato a vaga no Panteão Nacional... talvez por ser brasileiro.

Pois bem: mas, para lá de fazer humor negro à moda do Bruno Nogueira, para que serve esta introdução à história da música pimba do tempo em que o Benfica ganhava campeonatos? Afinal, que é que a malta do Pobo do Norte "vai fazer domingo à tarde"? "Bamos à capital do império" visitar o nosso salão de festas, carago!

Por isso, já sabem (e aqui vai mais um toque ácido "à Bruno Nogueira): quando estiverem a ver o jogo no café ou em casa de um amigo benfiquista (portista que se preze não subscreve canais de outras religiões), procurem nas bancadas o gajo que tem um cartaz a dizer "Eusébio, dá-me a tua camisola" - sou eu. Ou talvez não...

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Eusébio - o post que quis evitar

Antes de dizer o quer quer que seja sobre o assunto, faço a ressalva do seguinte: vida e morte são coisas que estão muito para lá do valor que possamos atribur nas nossas existências ao futebol, pelo que mesmo um gajo como eu, que adora futebol e despreza tudo o que diz respeito ao SLB, deve saber distinguir entre a importância de alguém para a modalidade (coisa obviamente discutível e pouco objetiva) e a importância de estar vivo ou morto (valor absoluto e inquestionável). Morreu um homem, de idade avançada, é certo, mas que tinha família e amigos. E a morte é sempre motivo de consternação, pelo menos, para os que lhe eram próximos. Ponto final.

Eu não vi o Eusébio jogar "ao vivo". Mas vi, inevitavelmente, as imagens do Portugal-Coreia e ouvi o meu pai e outras pessoas que viveram aquelas emoções em tempo real falar com desmesurado fascínio das proezas do dito senhor. Porém, fosse ele um símbolo do F. C. Porto ou tivesse ele conseguido ganhar o Mundial de Futebol a mancar, jamais compreenderia, como não compreendo, esta depressão coletiva em que supostamente o país e o mundo se encontram desde ontem.

Eusébio foi um enorme futebolista, cuja lenda perdura. E fê-lo atuando num tempo em que a mediatização em torno do futebol era incomparavelmente menor. Uma proeza fantástica, claro, sobretudo num país triste e cinzento como o do Portugal salazarento. Mas, que fique claro, Eusébio, a despeito das narrativas fabulosas que li ontem e hoje, não deu mais nenhum contributo significativo ao país nem se distinguiu em rigorosamente mais nada do que o pontapé na bola (tal como o Cristiano Ronaldo). Não era nem um cidadão que merecesse distinção, nem sequer um modelo de desportista e muito menos um atleta disciplinado.

E quanto a intervenções públicas extra-futebol nem faz sentido falar do assunto porque o senhor, como disse o velhinho Mário Soares, rompendo involuntariamente a ladainha apologética, era um "homem modesto e muito simpático", "com pouca cultura" e que "bebia muito".

Resumindo, a dimensão alegadamente icónica de Eusébio da Silva Ferreira vale para o planeta do futebol e, muito especialmente, para os megalómanos lunáticos do Benfica, mas somente isso. Já agora, vale também para o Luís Freitas Lobo e para o João Rosado, cujas declarações em tom lacrimejante escutei ao fim da tarde no "Jogo Jogado" da TSF. Tentarem fazer dele uma espécie de Mandela tuga é, no mínimo, uma parvoíce que a própria pessoa de Eusébio por certo não reclamaria.


sábado, 4 de janeiro de 2014

Paulo Fonseca, o moçambicano

Todos sabemos - ou não - que Paulo Fonseca é natural de Nampula, Moçambique, onde nasceu há 40 anos, mas a TVI24 vai mais longe e coloca na sua boca a variante africana do português. Então reparem lá na frase que acompanha a imagem do nosso treinador.


A imagem de 2013

Com 86% dos botos. Obrigado pela participação.


quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

31 anos a criar melões

Hoje, no treino aberto aos adeptos, Pinto da Costa referiu o FC Porto como "alvo a abater por alguma imprensa lisboeta", uma questão, aliás, recorrente, segundo ele, nos últimos 31 anos. Obviamente que qualquer portista concordará com as afirmações do Presidente e exemplos não faltarão na memória de cada um de nós. Ainda neste fim de semana, a primeira página de A Bola sobre o Sporting-FC Porto mostrou claramente como se pode ir além do puro objetivo informativo para denegrir uma equipa, um conjunto de jogadores e um clube.

(clicar na imagem para aumentar)
A manchete "Muito Mais Leão" não se discute, enfim, poder-se-ia dizer que apenas houve muito mais leão após a substituição de Fernando e a expulsão de Carlos Eduardo, e que, durante grande parte do jogo as coisas estiveram controladas, mas admite-se a superioridade leonina no jogo jogado. A questão entra no âmbito do achincalhamento quando se lê as frases que vão preenchendo o resto da página, caracterizando o tricampeão nacional como "pequenino" (atenção ao diminutivo) face a um "domínio avassalador" do Sporting. Eu, sinceramente, guardaria este adjetivo - avassalador - para outras ocasiões. Como se não bastasse esta síntese, já um tanto ou quanto provocadora, temos duas frasezinhas, no final da página. Na primeira diz-se que o FC Porto foi a Alvalade "defender o pontinho" (repare-se, mais uma vez, no preciosismo do diminutivo) e na segunda refere-se o "Banho de bola da equipa de Jardim" que não suficiente para vencer. Portanto, quem não tivesse percebido o "Domínio avassalador" no cimo da página, tinha aqui o "Banho de bola" para esclarecer todas as dúvidas.
Não sei quem fez a reportagem do jogo, mas não me admiraria que o conteúdo desta capa fosse da responsabilidade de um José Manuel Delgado ou de um Vítor Serpa. São 31 anos a criar muito melão e o corpo diretivo e redatorial de A Bola figura, sem dúvida, entre os nosso maiores "beneficiários".