quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Desligados da Europa

O texto de há uma semana, na sequência do jogo na Alemanha, podia servir para hoje. O Dortmund veio cá fazer um bom treino, levou uma vitória e afundou, ainda mais, uma ideia - que já existiu - de Porto europeu.
Peseiro pode enviar as mensagens que quiser para o balneário, pode falar em crença na passagem, pode elogiar a "tremenda reação" da equipa após o golo (já agora, eu, se lá estivesse, também teria uma tremenda reação, correria que nem um louco, sairia ao fim de 15 minutos para o hospital, mas garanto que seria uma "tremenda reação"), pode invocar um golo em fora-de-jogo, mas não nos pode tirar a ideia da cabeça de que poupou jogadores para o campeonato e abdicou completamente da Liga Europa. Tal como Jesus. A diferença é que o treinador do Sporting di-lo à vontade, protegido pelo bicampeonato que conquistou com os coisinhos e pela liderança atual na Liga. Peseiro não o pode dizer. Mas, digamos que o onze escolhido para iniciar o jogo o denunciou: entrar com extremos como Varela e Marega diz quase tudo. Depois, começar a segunda parte sem qualquer alteração, com a equipa a perder, também não ajuda à "crença" de que queríamos mesmo virar a eliminatória.
PS - O tom divertido e bem disposto com que os jornalistas e o comentador da SIC nos brindaram ao longo da transmissão, dando a derrota como facto adquirido aos 72 minutos ou fazendo comentários jocosos sobre os nossos jogadores (Maxi e Brahimi, por exemplo) é um sinal bem claro do respeito que já nos perderam.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Saudades do Porto europeu

Esta foi uma das piores exibições na Europa de que me lembro e o mais dramático disto tudo é que começa a ser recorrente. Nunca pertencemos, no passado, à elite europeia, onde figuram os Barcelonas, os Bayerns ou os Uniteds, mas sempre fomos vistos como aquela equipa portuguesa muito perigosa, aquele outsider com quem é preciso ter muito cuidado e com quem não se pode dar baldas. Agora olham para nós como um oportunidade para treinar. Eu sei que esta frase pode ser chocante, mas foi a sensação com que fiquei hoje, ao ver o Dortmund a ganhar nas calmas, sem acelerar muito, consciente de que os golos surgiriam com naturalidade. Até porque no próximo fim de semana vão jogar com o Bayer Leverkusen. Eu não estou a dizer que nos falta atitude ou suor. Mas é doloroso ver que num 11 do meu clube, contra o segundo classificado da Bundesliga, estão agora jogadores como Varela, Sérgio Oliveira ou Marega. Peseiro podia ter feito melhor? Se calhar, sim. Todos temos uma costela de treinador. A mim custa-me ver André André começar no banco. Custa-me a ver Suk entrar a 5 minutos do fim. Mas o treinador apanha este comboio em andamento e tem de jogar com as peças que lhe colocam à disposição. Quem tem toda a responsabilidade na construção deste plantel é quem manda. E quem manda não está a trabalhar bem.
É impossível virar um 0-2 em casa? Não, mas, convenhamos, face ao que se viu hoje, só muito dificilmente os alemães não marcam no Dragão.

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Olhó bloqueio fresquinho!



Ora sai mais um bloqueio fresquinho. Nacional-Sporting. 3 minutos, canto para os de Alvalade. Mas há um jogador do Sporting de costas para a bola. Sim, de costas para a bola, como se não estivesse interessado no pontapé de canto. É o Bryan Ruiz. Deve estar a galar uma madeirense jeitosa na bancada. Ou então prepara-se para impedir que alguém acompanhe o Slimani, que já foge ao encontro da bola. Golo. 0-1, Sporting. Começa bem, assim.

E o inferno gelou

"Se o empate era injusto, a derrota foi muito mais."
Rui Vitória não percebeu que num jogo de futebol há 22 jogadores, vinte pelo campo fora e dois guarda-redes. Não percebe que o seu clube não jogou sozinho e que, do outro lado, houve outra grande equipa, com um grande guarda-redes que está lá para evitar golos. Foi o que ele fez. Do outro lado esteve outro guarda-redes que não evitou dois golos. Simples! Por isso esta a vitória é justíssima. Porque eu não me esqueço do que disseram quando os coisinhos do tempo de Jorge Jesus vieram ao Dragão ganhar, com golos de lançamento lateral ou às três tabelas. Falou-se em vitória da abnegação, da ratice e do realismo. Jesus foi levado em ombros. Hoje, perante uma vitória sem espinhas do FC Porto, a azia fala mais alto: foi a infelicidade da equipa que falhou muitos golos, foi a nossa sorte de ver os outros falhar golos em catadupa. Parece que isto é novo, mas não é. Já tem barbas. Mas é preciso pisar e repisar.
A nossa vitória assentou em três pilares: Casillas, Danilo e Herrera. Depois, dois laterais - Maxi e Layun - sempre em alta rotação e a olhar o adversário nos olhos com aquela atitude à Porto de que já tínhamos muitas saudades. Houve erros de posicionamento na defesa, houve excessos individuais que expuseram a equipa ao perigo. Mas no momento certo, fizemos o que nos competia. Rui Vitória pode tentar desviar as atenções com os pontos recuperados no passado recente (cada um se agarra aos argumentos que mais lhe convêm), mas é incapaz de dizer que Talisca e Salvio, por exemplo, nada trouxeram à equipa.
Uma última palavra para José Peseiro. Não morremos para este campeonato hoje graças a ele e à forma como comandou a equipa. Para além disso, arriscou num miúdo que nunca tinha jogado, e logo na Luz, e ganhou a aposta. São estes pormenores que ficam na história.