quinta-feira, 29 de março de 2012

Sporting TV

À meia hora de jogo, o Paulo Garcia dizia "Está a ser um grande jogo". Sabe-se que em Alvalade e na Luz há sempre "grandes jogos" e o pessoal sai de lá extasiado com espectáculos do outro mundo. Mas hoje, só a SIC conseguiu ver, com 30 minutos, o que ninguém mais viu. O Sporting não chegava à área do Metalist, e o Metalist mostrava ser um conjunto de rapazes bons de bola, mas sem profundidade nenhuma. A coisa empastelava ali no meio campo, mas o Paulo Garcia estava a adorar.
Já perto do final, estávamos a bater nos noventa minutos, diz o jornalista "Veja, aqui na SIC, de hoje a oito dias, a segunda mão, na cavalgada do Sporting até às meias-finais". Logo a seguir veio o penalti. Não duvido que o Sporting vá à Ucrânia cavalgar, mas a escolha vocabular é exemplar. Gostava de ver este tipo de patriotismo quando joga o FC Porto.
No final do jogo, Paulo Garcia dizia que "o 2-0 era melhor que o 2-1, mas o 2-1 é um bom resultado, de qualquer maneira". Finalmente, e para acabar em beleza, aquele rapazinho da SIC que gasta uma embalagem de gel por cada flash-interview vira-se para Daniel Carriço e atira um "Você está um trinco de mão cheia!". E lamber o rabo ao Carriço? Não teria surtido mais efeito?

terça-feira, 27 de março de 2012

Jornalismo da treta

Não me revejo neste tipo de jornalismo de comédia que o Maisfutebol explora. Por isso, bastou ver dez minutos daquele programa de futebol com o mesmo nome, cujo painel de comentadores tem mais benfiquistas por metro quadrado do que qualquer jardim de infância da Ericeira, para não querer ver mais.
Há pouco, via facebook, deparei-me com esta pérola. A propósito de uma frase simples de Paulo Ferreira - um jogador internacional português que sempre foi conhecido pela correção dentro e fora do campo - através da qual reconhece que já não tem as mesmas capacidades de outrora, o jornalista - se é que se pode chamar assim - goza, faz troça, brinca, atirando um lamentável "Ninguém diria, caro Paulo Ferreira". A azia da derrota vermelha aos pés de um Chelsea de azul que contou com três jogadores ex-FCP, pelo vistos, é indisfarçável. Some-se a esta derrota o facto de o lateral português ter atingido o sucesso no FC Porto e temos a receita do anti-portismo primário. Jornalismo da treta.

domingo, 25 de março de 2012

Passos atrás

Sinceramente não sei o que dizer deste jogo. Uma mão cheia de oportunidades de golo desperdiçadas, uma bola no poste por Janko, um penalti injustamente negado a Hulk, e um golo do Paços na única oportunidade que teve em todo o jogo, já agora, graças à total passividade de Rolando e Lucho, que estavam a marcar fantasmas num pontapé de canto.
Criticar Vítor Pereira continua a ser fácil - basta a equipa jogar como jogou na primeira parte - mas com um plantel tão limitado, poucas alternativas de qualidade temos. Janko é solução de recurso para esta metade da época, mas não pode ser o nosso ponta de lança para o ano. James não pode ser apenas um fenómeno vindo do banco. Defour tem de valer mais do que meia dúzia de passes para o lado. Pelo meio, continuamos à espera de Danilo, porque Sapunaru "não dá". E Lucho transpira qualidade, mas dura sessenta minutos, o que é incomportável para uma equipa de topo que se quer competitiva.
Já merecemos empatar jogos que acabámos por ganhar, mas neste não merecíamos ver a vitória escapar-nos. A questão do merecimento é sempre relativa, mas pensemos no jogo que o Paços fez contra o segundo classificado, nas oportunidades que criou, e no resultado final desse jogo para percebermos que a lógica em futebol é uma batata.
Apesar de não contar empatar este jogo, estou naquela fase em que já nada me surpreende. Começo mesmo a acreditar que este campeonato não é para nós, mas se, no final, levantarmos o caneco, este será provavelmente o título que menos festejarei.

PS - Admito que Sapunaru tenha feito falta com o braço na área, na primeira parte, mas o exagero na queda do jogador do Paços provavelmente prejudicou-o a ele mesmo.

Cuspidela de olhos abertos

Ora aqui está um motivo de reportagem para A Bola explorar: o dia em que Aimar, o jogador que joga à base da técnica e, por isso, nunca devia ser expulso, cuspiu em Capdevilla, o jogador que joga... quer dizer, não joga. Vídeo: aqui.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Bloqueio é no basquete: SLB usa obstrução

A conversa em torno do recorrente uso de obstruções aos defensores contrários por parte do SLB pode soar a mera conversa fiada de mau perdedor. Porém, os responsáveis do FCP, conhecendo a situação, não se limitaram a reagir à derrota na Luz aludindo a esta esperteza saloia do homem da chicla - tê-lo-ão feito antes do jogo.

Como já disse, o SLB venceu o jogo porque quis mais e empenhou-se mais, quando, em contrapartida, os nossos jogaram na expectativa e cometeram mais erros. Em suma, quanto a mim a vitória deles foi justa, ainda que justiça e resultados de jogos de futebol não sejam coisas tão afins quanto isso.

Porém, o caso dos bloqueios/obstruções que JJ afirmou categoricamente não adoptar como prática corrente e nem sequer treinar para o efeito, ganhou outros contornos quando surgiram vários jogadores que foram treinados pelo estratega da Chicla noutros clubes a confirmar a insistência deste naquele tipo de situações e sublinhando que, não sendo o único com quem treinaram aquele tipo de jogada, Jesus era o treinador que lhe atribuía maior importância e que mais insistia nisso. Alguns, como Luís Filipe, nem sequer conheciam a marosca antes de serem treinados pelo dito mentiroso.

Na verdade, o que está em causa não é o joga da Taça da Liga. O que está verdadeiramente em discussão é o facto de uma habilidade táctica, manifestamente ilegal e falseadora da verdade desportiva que os "coisinhos" tanto gostam de apregoar e alegadamente defender, ter vindo a ser posta em prática em vários jogos do SLB sem que tenha sido punida - depois vai-se dizendo que o Benfica tira partido das "bolas paradas" porque estas são objecto de estudo, ou seja, transforma-se um comportamento à margem das leis numa vantagem competitiva decorrente do superior trabalho e afincado estudo do mestre da táctica vermelhusca.

Existe quem ache piada a estas espertezas saloias da personagem que treina o Benfica, quem entenda que isto é coisa de homem profundamente conhecedor do futebol ou até, na versão mais generosa, que ele é fino e os outros são uns nabos. A esses eu digo que terei vergonha de ser portista se este parolo batoteiro e mentiroso alguma vez vier a ser treinador do Porto. No limite, até prefiro um totó como o Vítor Pereira.

terça-feira, 20 de março de 2012

Mais uma surbia para a segunda circular faxabore

Perdemos e é justo que isso tenha acontecido - quem só corre atrás do prejuízo não merece melhor sorte. Além do mais, na modalidade de corrida desenfreada, bola para a molhada e transições rápidas o SLB é melhor do que o FCP - o nosso esquema não é este: é posse de bola, carago! Claro, claro, sem Fernando para pôr ordem na cabeça da área e um médio como o Belllushi para a guardar  a coisa fica bem mais complicada, mas a verdadeira diferença fez-se nos pormenores: eles quiseram mais e nós asneiramos muito.

Curiosamente, os marcadores dos nossos golos foram, muito provavelmente, os que fizeram menos e asneiraram mais - Lucho perdeu muitas bolas e não recuperou quase nenhuma; Mangala é quem se precipita no lance do primeiro golo e quem permite que uma lesma como o Cardozo se isole no lance do terceiro - pelo meio fez mais alguns passes estúpidos mas, paciência, o homem é novo, tem um potencial físico impressionante e há-de aprender a jogar simples.

Gostei de algumas coisas do Alex Sandro, da generosidade do Kleber, do Defour e do Sapunaru (quem dá o pouco que tem não pode ser censurado por isso) e, sobretudo, da classe e do querer do João Moutinho, que em pleno período de descontos ainda lutava, corria, jogava e fazia jogar como se aquilo tivesse começado há momentos. PdC tinha razão quando dizia que aquele gajo é um jogador "à Porto".

Não gostei das ausências do Hulk e do Álvaro Pereira, que apesar de algumas boas intervenções passaram ao lado do jogo por largos períodos - o Incrível teve como oponente o mais lento e incrivelmente mais gordo defesa esquerdo que enfrentou esta temporada e só tirou partido disso no primeiro quarto de hora. Também não gostei da tardia entrada em jogo do James e dos breves minutos oferecidos ao pobre do Iturbe - VP está a testar a resistência mental do puto ou então algo se passa com o "mini-Messi". O resto da malta fez pela vida, sem grande alma nem grande rasgo. Poderia até ter sido pior, não fosse alguma sorte nos lances em que a bola embateu nos postes e na barra da nossa baliza.

Foi-se a Bejeca (como de costume), esperemos que se salve o essencial. Esta época nunca mais acaba...

segunda-feira, 19 de março de 2012

O plantel mais caro de Portugal tem 4 médios


Com os que VP convocou, o meu onze da Taça da Bejeca seria este:

Guarda-redes: Bracali; 

Defesas: Sapunaru, Maicon, Mangala e Alex Sandro; 

Médios: Steven Defour, João Moutinho e Lucho González; 

Avançados: Hulk, Juan Iturbe e Kléber


Os restantes convocados:
Kadú, Otamendi, Rolando, Álvaro Pereira, Silvestre Varela, Marc Janko e James Rodríguez.


O que é mais incrível é o facto de, com Fernando K.O., as escolhas para o meio-campo deixam de ser "escolhas" - são o que há disponível... O que me incomoda mais é saber que temos um jogador como o Castro emprestado a um clube do funda da tabela em Espanha... E aquele Mikel Agu não poderia ser opção? Os júniores servem para chegar ao "fim da linha" e serem dispensados?

sábado, 17 de março de 2012

Deixar ao acaso

A vitória de ontem foi quase tão indigesta quanto o empate em casa com a Académica. Quando o melhor jogador do Porto numa dada partida é o guarda-redes, algo está mal, a não ser que o adversário seja algum colosso europeu - não me parece existir nenhum na Madeira.

Faltava Hulk e faltava Fernando; faltou também inspiração a quase todos (Helton esteve, uma vez mais, muito bem, e Moutinho fez o possível por manter o nosso meio-campo à tona). A equipa fez uma segunda parte para merecer a derrota, depois de ter tido várias oportunidades para "matar" o jogo na primeira metade. O segundo golo foi uma injustiça para o Nacional.

Lucho apareceu poucas vezes no jogo e não tem frescura física para recuperar bolas. Defour tem a mesma origem mas não vale metade do belga do Benfica - é esforçado, não compromete, não acrescenta nada. Maicon esteve simultaneamente bem (na raça, no querer e no empenho) e mal (quando quis sair com a bola controlada e quase ofereceu o empate). O resto esteve entre o sofrível e os serviços mínimos - infelizmente, aquela belíssima exibição na Luz parece ter sido um acaso. Uma equipa do Porto que a 20 minutos do fim defende chutando a bola para o ar não é uma equipa - é um conjunto de jogadores em auto-gestão.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Now they know

Não fomos nós, mas alguém acabou por ensinar estes ingleses pedantes a nunca darem um jogo por vencido, a nunca acharem que a eliminatória está no papo só porque os milionários do Dream Team de Manchester não sabiam o nome de nenhum jogador do Sporting. Teria sido mais bonito se os lagartos tivessem aguentado o ritmo da primeira parte e jogassem sempre tão certinho. Porém, a verdade é que o City cresceu com a entrada do gigante bósnio, que também libertou Aguero para cair nas alas e contribuir para encostar os verdes lá atrás. 

Fiquei genuinamente feliz com o falhanço dos Citizens, ainda que este triunfo do SCP torne evidente que o Porto, mesmo tendo sido manifestamente infeliz em ambos os jogos da sua eliminatória, poderia e deveria ter feito melhor. A sorte também se busca e, sendo certo que o Sporting a teve na primeira parte, não deixa de ser verdade que os seus adversários nunca criaram oportunidades de golo que justificassem um eventual resultado mais desnivelado.

terça-feira, 13 de março de 2012

Uma história (ou duas) que se repete

Inenarrável

A exibição da equipa frente à Académica deixou-me tão f... furioso que nem vontade tive de escrever: não sei se me irritou mais a actuação displicente e sem nervo ou as declarações incompreensíveis do Vítor Pereira. Sim, é verdade que os jogadores entraram na partida como se aquilo se resolvesse facilmente e o campeonato estivesse "no papo". Mas ouvir o nosso treinador dizer que a equipa esteve ausente na primeira parte, "sem agressividade" ou atitude, é incrível. Em primeiro lugar, aquilo já aconteceu muitas vezes. E, em segundo, se existe um histórico de situações afins e já vamos no terço final da Liga, como é que o treinador fala do assunto como se aquilo fosse uma surpresa, algo que o transcende e que parece não ter relação nenhuma com o seu trabalho, a sua liderança? É por estas e por outras (como mais aquela sessão de susbtituições à moda do FM) que eu não quero que o homem continue na próxima época nem que vença a Liga e dê 5 secos na Luz no jogo da Taça da Bejeca.

O outro lado

Quando Maicon marcou o golo da vitória na Luz e toda a Comunicação Social se concentrou em sublinhar o carácter decisivo do erro do árbitro como se nada mais explicasse a derrota do Benfica, fiquei logo com a impressão de que aquilo nos ia custar muito caro. Tive a noção de que, nos jogos que se seguiriam, o Benfica seria ressarcido em doses cavalares. E assim foi em Paços de Ferreira: o homem que fez o golo da vitória já nem deveria estar em campo no momento em que marcou o livre - deveria ter visto o vermelho ou, no mínimo, o segundo amarelo por ter pisado deliberadamente o jogador adversário. Mas a coisa não ficou por aqui: o mesmo artista conseguiu arrancar uma expulsão que reduziu o Paços a 9 jogadores sem ninguém lhe ter tocado. Para a semana há mais...

sábado, 10 de março de 2012

Estofo de campeão?

É por causa de jogos destes que eu espero que mudemos de treinador no final da época. Que falta a uma equipa - vinda de uma recuperação estrondosa de oito pontos - para iniciar uma cavalgada categórica ganhando a uma Académica que já não ganha há vários meses? Que falta a uma equipa que tem Fernando, Lucho, Moutinho, Hulk e James no onze titular? Vítor Pereira não consegue responder a isto. Aliás, ele não consegue encontrar respostas. Limita-se a constatar. "Demos a primeira parte de avanço". Porquê? Vítor Pereira não é capaz de saber, nem de dizer. "Pusemo-nos a jeito", diz, porque não jogámos o suficientemente bem para ultrapassar os erros de arbitragem que nos prejudicaram. Eu acho que nos estamos a pôr a jeito para outra coisa muito má: perder este campeonato depois de ter ido ganhar ao terreno do principal rival.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Adivinha o que voltou

Xandão e Maxi Pereira são os homens do momento nos respetivos clubes, não por mostrarem que são realmente bons naquilo que devem ser bons, que é defender, mas porque marcaram golos na jornada europeia.  De Xandão ainda só tinha visto a tremenda fífia em Setúbal que originou o golo da vitória dos sadinos. De Maxi já vi mais coisas, umas boas, outras más. A última de que me lembro foi a pancada que deu no nosso menino de ouro colombiano a que Proença fez vista grossa, preferindo a solução fácil de terminar o jogo naquele preciso momento. Isto tudo para dizer que esse jogo foi há precisamente uma semana. E ainda estou com um sorriso nos lábios. O campeonato voltou e voltaram os piores pesadelos dos coisinhos.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Mais uns

Mais uns que vieram com a típica atitude mete nojo: ah, nós nem conhecemos nenhum jogador do Sporting e até dispensamos o treino de véspera de adaptação ao relvado, nós somos muito bons, até demos uma abada no campeão português, everything's gonna be alright... Conclusão: levaram na pá. Este ingleses nunca vão aprender?

quarta-feira, 7 de março de 2012

Você também acha que...

... o SLB vai ter a mijinha do costume no sorteio e vai jogar com o APOEL?

Sim  ___
Não ___

terça-feira, 6 de março de 2012

Champions, versão light

As duas equipas mais fracas dos oitavos de final da Champions jogaram há pouco e ganhou a menos má. Apenas vi os últimos vinte minutos nas esperança de voltar a ver 50 mil melões no espaço de cinco dias, mas um Zenit sem o seu avançado mais veloz não podia fazer milagres. O segundo classificado do campeonato português, do que eu vi, limitou-se a esperar o adversário no seu meio-campo e jogar no erro. Depois, mais ressalto, menos ressalto, mais mergulho de Nolito, menos mergulho de Nolito, a bola havia de entrar.
Seis anos depois, o clube de Vieira está nos quartos de final da Liga dos Campeões e os possíveis adversários esfregam as mãos e rezam à Virgem para que lhes calhe o clube português. Amanhã, o jornal A Bola voltará a vender muito, depois de quatro dias de depressão.
No final, o apontamento de humor veio de iLusão, que é um gajo cómico como o caraças.
PS - Já passaram quatro dias e acho que não vale a pena esperar pela manchete de A Bola sobre o golito banal de Hulk na Luz, a que, por certo, ninguém prestou atenção na Europa.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Os factos de Jesus

Jorge Jesus diz que não teme qualquer castigo por ter dito que o árbitro errou "porque quis" porque, diz ele, se limitou a constatar factos que toda a gente viu. Portanto, está aberta a caixa de Pandora. Podemos dizer o que quisermos e atentar contra a dignidade das pessoas porque, nesta perspectiva, estamos a constatar factos. Podemos dizer que Jesus é um bronco. Estamos a constatar um facto. Podemos dizer que Rui Costa é um arruaceiro. Estamos a constatar um facto.
O treinador do segundo classificado diz que o seu clube não vai aos quartos-de-final de uma prova europeia há 20 anos. O nível basófia é tal que o homem nem sequer se lembra que o seu clube esteve nesses quartos com Ronald Koeman, há seis anos. Em Jesus, é assim: o real torna-se ficção e vice versa. Basta lembrarmo-nos que, há uma semana, antes do jogarmos com o Feirense, o mestre da chicla já nos dava em primeiro lugar empatados com o clube dele. Obrigado, JJ, tornas os nossos dias mais felizes. É um facto.

PS - Estou um bocado chateado com aquele golo da vitória em fora-de-jogo. Se tivesse sido com a mão, teria mais piada.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Aterrar de queixos

Legenda: eu sei que é uma piada fácil mas fica bem neste post (como resposta à capa do Record de hoje)


"Ái, úi, atirem-me água fria"

Vítor Pereira deve ser o homem mais feliz do mundo esta noite. Para quem tanto asneirou neste campeonato, quem tanto falou o que não deveria ter falado, vencer este jogo terá sido o momento mais alto da sua carreira. Mas os "heróis" são outros: chamam-se Hulk, James e, sobretudo, Maicon.

O essencial: sim, o golo que deu a vitória é precedido de um fora-de-jogo indiscutível. Do mesmo modo que existe um penalty clamoroso, por mão na bola do Cardozo, minutos antes do remate vitorioso do Maicon. E Jorge Jesus não tem razão quando refere que o segundo golo do Porto nasce de uma falta sobre  o médio belga do SLB em que Proença terá aplicado a lei da vantagem - a repetição mostra que a falta é sobre o defensor do FCP. Depois da chicla,vai uma Rennie?

Mas como esta semana só se vai falar do fora-de-jogo (o lance do penalty do Cardozo nem sequer teve direito a repetição e muito menos foi alvo de referência por parte dos comentadores), não vou perder mais tempo com o assunto. Vencemos, estamos na frente, esta vitória valia 4 pontos (os 3 do costume mais a vantagem directa) e agora o SLB já não pode vencer o campeonato - só o Porto pode perdê-lo.

As coisas boas

O carácter, a raça, o ímpeto e a crença de Maicon - apenas esforçado como defesa direito mas imperial como central. Para além do golo da vitória (ninguém como ele merecia marcá-lo), fica a ideia de que o 1º central do Porto, a voz de comando que faltava naquela defesa, não virá definitivamente de Rolando - o brasileiro ex-Nacional, com percurso "à Pepe", parece imitar o luso-brasileiro, que de "patinho feio e asneirento" se transformou num dos mais brilhantes e valiosos centrais do futebol europeu.

O génio colombiano que chegou a tempo da festa - James é hoje, muito provavelmente, para além de Moutinho e Fernando, o único jogador indispensável da equipa. Com ele e com a bola colada no seu pé esquerdo, tudo parece tudo fácil. Quando o SLB marcou o segundo golo, pensei que o mais sensato seria retirar de campo "El Comandante" (que fez um jogo intermitente, com pormenores de "Lucho" e ausências em campo que deixaram Moutinho e Fernando entregues às correrias adversárias) e fazer entrar James. Temi que o sacrificado fosse Djalma, que já tinha um amarelo. Mas, nessa altura, VP teve uma epifania - eu já explico porquê.

Hulk não fez muito mas o "pouco "que fez foi simplesmente decisivo - marcou o melhor golo da noite, um daqueles que só ele poderia marcar, e arrancou a expulsão do Emerson, que foi o sopro que acelerou a queda do castelo de cartas que era, nos momentos após o empate a 2, a equipa de Jorge Jesus. Física e animicamente, o Benfica estava quase a sucumbir depois do lance brilhante de James Rodriguez. A expulsão foi quase um knock-out.

As coisas ainda assim boas

O nosso treinador surpreendeu o mago da chicla ao fazer a equipa jogar como no início da final europeia com o Barcelona - defendendo quase na área adversária, ousadia que foi premiada com o soberbo golo de Hulk. E, mais do que isso, quando toda a gente pensava, como eu, que faria a substituição banalmente óbvia e "cagona" de trocar Djalma por James, o homem excedeu-se e fez aquela que terá sido, muito provavelmente, a mais corajosa e, possivelmente, melhor jogada de banco que já o vimos fazer: retirou de campo o central com mais estatuto (sim, já tinha um amarelo, mas havia mais gente nessas condições) e colocou o angolano a fazer o corredor direito. Simplesmente genial. Mas como tudo que é bom em Vítor Pereira tem o seu "lado negro", a jogar em vantagem numérica, quando a equipa estava a encostar o Benfica lá atrás com segurança, fez uma substituição à moda do Championship Manager (Moutinho por Kléber), correndo sérios riscos de "partir a equipa" e, quem sabe, sofrer um golo em contra-ataque. Felizmente para ele e para nós, Maicon resolveu o assunto antes do ponta-de-lança brasileiro sequer tocar na bola.

Fernando e Moutinho foram 2 dos que estiveram bem sem serem brilhantes. O "Polvo" esteve em todo o lado e até fez a assistência para o segundo golo. Moutinho foi a "cola" do nosso meio-campo quando a lentidão e a falta de frescura física de Lucho, aliadas ao recuo da equipa após o golo inicial, quase ofereceram o meio-campo a Javi Garcia, Aimar, Nolito e Gaitan. Tal como Alvaro Pereira e Djalma, foram essenciais nesta vitória, mas não foram decisivos.

As coisas que não foram nada positivas

Janko ofereceu luta aos centrais do SLB e foi uma referência na frente, mas foram mais as vezes que perdeu os lances disputados no ar com faltas escusadas do que as bolas que ganhou para Lucho dar continuidade ao ataque. Além disso, a responsabilidade do primeiro golo do SLB é do austriaco, que foi lento a sair e colocou em jogo os dois benfiquistas que intervieram no lance. Deveria ter saído no lugar de Moutinho.

A tremideira depois da vantagem inicial: se reparem bem, o Benfica não criou por si mesmo nenhuma oportunidade golo na primeira parte - foram as asneiras da nossa defesa e e aquele recuo imprudente que criaram condições para o SLB marcar.

As coisas que ficam por fazer

As 4 derrotas que o SLB registou nos últimos tempos e as mazelas físicas e psicológicas que aquela equipa tem depois de desbaratar uma vantagem de 5 pontos e perder em casa com o rival depois de ter estado a vencer serão o suficiente para que se crie uma onda muito má em torno de Jorge Jesus. Pior ainda: estão criadas as condições para que a equipa falhe na Champions porque, com o pouco tempo de recuperação e a pressão de ter de vencer que tolherá os movimentos aos jogadores benfiquistas, os russos têm todas as condições para fazer um jogo como o que fizeram no Dragão e saírem por cima.

Mas, no essencial, o que fica por fazer é a nossa parte - não podemos esperar que o SLB tropece sozinho, ainda que tudo indique que isso irá acontecer. Teremos de vencer jogos muito complicados - na Madeira, contra o Nacional e o Marítimo, e em Braga. Se não ganharmos a este Sporting em nossa casa, esta vitória na Luz terá sido apenas um acaso do destino.




Pode ser que te f#%&...

Espero que o Vítor Pereira tenha tido o "rasgo" de colar esta amostra de jornalismo de esgoto na parede do balneário da Luz onde os nossos se vão equipar:

quinta-feira, 1 de março de 2012

FC Porto e Benfica: comparar os onzes

Há dias, discutia com um amigo a clássica matéria de "quem é que, no onze do Benfica, entrava no onze do FC Porto" (e vice versa). Chegámos a conclusões semelhantes ainda que com diferenças de pormenor. Neste tipo de discussão, nunca conseguimos despir totalmente a nossa cor clubística, mas eu proponho-me fazer esse esforço na análise que se segue. Se o consegui ou não, digam-no vocês.

Guarda Redes
Desde Preud'Homme que o Benfica não tinha um guarda-redes que valesse pontos e vitórias. Conseguiu isso com Artur, depois de um espanhol de boa memória para todos nós ter sido precisamente o contrário. Creio que o seu valor está muito próximo do de Helton e nem me custa admitir que se equivalem, mas este é um daqueles casos em que pesa a experiência, a voz de comando e a identificação com o clube. Gosto muito de Helton e acho que cada vez está melhor à medida que os anos passam. Não trocava.
Veredito: Helton
Defesa Direito
Não incluo aqui Danilo porque não está disponível para o clássico de amanhã e fez pouquíssimos jogos pelo FC Porto. Nesta posição, admito que o Benfica está, com Maxi Pereira, mais bem servido. O uruguaio defende razoavelmente bem e ataca com velocidade e garra. Não me choca dizer que é um jogador "à Porto" e que Sapunaru não tem a stamina que Maxi possui.
Veredito: Maxi Pereira
Defesa Esquerdo
Aqui, parece não haver discussão possível, e até acho que o nosso suplente seria titular no Benfica.
Veredito: Álvaro Pereira
Defesas Centrais
A questão dos centrais é passível de muita polémica. Se, por um lado, o Benfica parece ter em Luisão e Garay uma dupla fiável e pouco propensa a erros de palmatória, parece-me que os centrais do FC Porto  revelam melhor capacidade posicional na área. No entanto, os centrais do FC Porto, talvez porque arriscam mais, falham também mais. Nesta altura é muito mais difícil encontrar uma dupla inquestionável no FC Porto do que no Benfica pela simples razão de que os dois suplentes do clube da Luz - Jardel e Miguel Vítor - são inferiores a qualquer um dos quatro do FC Porto. Falando individualmente de Luisão e Rolando, os dois que há mais tempo jogam nas respetivas equipas, penso que o brasileiro tem mais carisma e peso no seu plantel do que Rolando no do FC Porto. Eu nunca gostei do estilo de jogador de Luisão, mas reconheço que a sua presença impõe mais respeito aos adversários do que a de Rolando. O português atravessa uma fase estranha em que acumula pequenos erros atrás de pequenos erros. Falando do outro central, tenho grandes esperanças na evolução de Mangala, mas ainda está verde para este ambiente, e ainda tenho demasiado presente o desastre de Manchester para desejar Otamendi a titular, por isso é entre Maicon e Garay. Sinceramente, ainda não vi nada de extraordinário no argentino que veio do Real Madrid que o faça merecer tirar o lugar a Maicon, um jogador que está numa fase muito boa tanto a nível defensivo como ofensivo.
Veredito: Luisão e Maicon
Médio Defensivo
Não tem comparação a qualidade de Javi Garcia a distribuir fruta pelos adversários sem que consiga ser expulso uma só vez. Acho que aqui também não há discussão. Fernando é mais rápido e tem mais técnica de desarme.
Veredito: Fernando
Médio Criativo
Embora reconheça que o belga tem muita qualidade, prefiro João Moutinho, pois o português alia uma técnica fantástica ao "nervo" que, na minha opinião, falta a Witsel. Quando falo em "nervo" refiro-me àquela capacidade de, num curto espaço, ter a agilidade mental de resolver problemas. Witsel, para além de ser mais lento que Moutinho, desaparece por vezes do jogo. Moutinho, não, está sempre em alta rotação. Ainda no capítulo do remate, creio que é superior.
Veredito: João Moutinho
Médio Criativo
Ambos têm, como se costuma dizer, olhos nos pés. Ambos fazem um bem terrível às respetivas equipas, mas nenhum deles estará já na plenitude das suas capacidades físicas. Falo de Lucho González e Aimar. O baixinho do Benfica tem melhor capacidade de romper com a bola controlada, enquanto o El Comandante possibilita um jogo a campo inteiro com passes que desinstalam qualquer defesa. O remate de meia e longa distância é melhor no nosso argentino. Por razões sentimentais, a opção imediata, sem pensar, seria por Lucho, até porque acho que Aimar se atira demasiado para o chão para que o consiga levar mais a sério.
Veredito: Lucho González
Extremo Direito
Hulk ou Gaitan? Ambos são acusados de excesso de individualismo, ambos são capazes de levar os adeptos do mais puro delírio à mais profunda raiva em segundos. Eu prefiro, obviamente, Hulk por uma série de razões que me parecem evidentes e que qualquer benfiquista de bom senso compreende.
Veredito: Hulk
Ponta de Lança
Janko chegou há pouco tempo, já marcou alguns golos, mas também já falhou alguns. Cardozo é o melhor marcador do Benfica e, mesmo não se gostando do estilo por vezes pachorrento com que aborda o jogo, a verdade é que tem um pontapé com a esquerda que raramente vacila.
Veredito: Cardozo
Extremo Esquerdo 
Estando Varela de fora por lesão (também não o acho superior a qualquer das opções que o Benfica apresenta), o confronto é entre James Rodriguez e Rodrigo... No entanto, temos aqui um problema: é que o Benfica não joga num puro 4-3-3, parecendo-me mais talhado para um 4-1-3-2, por isso Rodrigo não encosta à linha. Da mesma forma, James, sempre que tem entrado do banco, não vai encostar à linha pois essa está alugada, a todo o comprimento, por Álvaro Pereira. É difícil esta decisão até porque são dois estilos completamente diferentes. James é mais 10, Rodrigo é mais 9. James é mais criador, Rodrigo é mais finalizador. Rodrigo parece-me ser mais rápido e melhor na cara do guarda-redes. James descobre saídas que julgávamos interditas. Aqui, a empatia clubística fala mais alto.
Veredito: James Rodriguez