domingo, 24 de novembro de 2013

Desperdícios e ofertas

Dois jogos, dois empates seguidos. Quatro pontos perdidos. Os nossos adversários aproveitam. Eles, que, bem vistas as coisas, até jogam pior que nós.

Hoje, fala-se em falta de eficácia ofensiva do FC Porto. Lucho e Jackson falharam golos feitos, mas eu acrescento a outra falta de eficácia, a defensiva. Porque grande parte dos nosso problemas, este ano, têm que ver com os sucessivos erros que principalmente os centrais têm cometido jogo após jogo. Otamendi e Mangala, alvo dos grandes tubarões europeus, têm falhado consecutivamente, com sérios prejuízos para uma equipa que também não marca por aí além. Jackson Martinez está uma sombra do avançado letal que foi na época passada. Outro a quem acenam com contratos milionários (ou que suspira por um). Não sei se uma coisa está relacionada com a outra, mas há quem diga que sim.

Perante este estado de coisas, que faz o treinador? Tenta alternativas? Não. Mostra confiança no restantes elementos do plantel? Não. Maicon entra quando um dos outros dois se lesiona ou está castigado. Reyes nem cheira o relvado, ele que, até há pouco tempo, jogou a titular de uma seleção que vai ao Mundial. Já perdeu esse estatuto na seleção do México e, nisso, tem de "agradecer" ao clube que o contratou. Na questão do avançado, só a muito custo, e após a opinião pública portista fazer alguma pressão, é que Ghilas começa a jogar mais.

Ontem, tudo correu mal. Também na Luz (posso falar em sorte?). O Braga envia duas bolas à trave, depois comete um erro defensivo grave que origina o golo da vitória do segundo classificado. No Dragão, o FC Porto não marca nas várias oportunidades de que dispõe, comete um erro defensivo grave que origina o golo do empate, na única oportunidade do Nacional em todo o jogo. Jogámos mais do que o suficiente para ganharmos. Os coisinhos não jogaram o suficiente para merecerem os três pontos. No meio disto tudo, passa quase despercebido o amuo de Markovic ao ser substituído. Não estamos bem, mas eles não estão melhor.

5 comentários:

André Pinto disse...

Acho que é salutar não perder a noção daquilo a que os bifes-camones chamam "big picture". Note-se que desde a saída de André Villas Boas que o FCP tem dificuldades em arrancar para os tão afamados ciclos de evolução progressiva das suas equipas. Na altura da sua saída, aqui escrevi que tal iria acontecer, dada a rotura nos mecanismos do clube e os desiquilíbrios complexos impostos ao plantel por essa decisão. A isto juntou-se uma crise económica sem precedentes.

O FCP lutou inicialmente para manter certas peças (Hulk, Moutinho, James, Falcão), e vender rapidamente outras (Guarin, Belushi, Álvaro Pereira) quando devia estar a cimentar o que seria a maturidade do seu plantel com esses mesmos jogadores. Ainda hoje estrebuchamos para estabilizar o barco e dar inicio a um novo projecto vencedor. A verdade é que a matriz estatutária do nosso plantel é demasiado heterogénea para o sistema de gestão habitualmente aplicado. Há jogadores que são apostas a desenvolver (Ghilas, Josué, Reyes, Quintero) precisando de tempo, ombreando com inúmeros colegas desejosos de saírem (Otamendi, Mangala, Jackson, Fernando). Ou seja, o treinador tem de lidar com um balneário onde uma data de titulares está com a cabeça noutro lado, e os restantes talentos desmotivando-se por não serem chamados. Duvido que Paulo Fonseca seja o treinador ideal para uma situação destas. Lembro-me do trabalho de limpeza e gestão que Capello foi fazer ao Real Madrid, quando se viviam os resquícios decadentes dos galácticos. É provável que Paulo Fonseca fizesse alguma coisa interessante com um plantel de "projecto", desses que se personalizavam no FCP. Este é um plantel predominantemente de "mercado", e o eventual talento do nosso treinador será impreterivelmente imolado por desadequado. Dou de barato que Paulo Fonseca possa ser o homem certo, no cargo certo, no momento errado.

Do que precisa do FCP? Daquilo que o mercado e, consequentemente, a SAD não permitem: um "reset" no plantel e um grande treinador. Ou pensam que fazer uma equipa como a de 2003 seria hoje concebível, com toda esta pressão financeira?

guardabel disse...

Não podia estar mais de acordo, André. Acho que estamos presos a este estado de coisas.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Penta disse...



caríssimos,

no fundamental:
penso que ainda há «muita estrada para andar», muita «mão no queixo», muito por que pensar*

*
conferir ao que me refiro aqui

somos Porto!, car@go!
«este é o nosso destino»: «a vencer desde 1893»!

abr@ços
Miguel | Tomo II

cian disse...

Concordo plenamente André Pinto, brilhante